sábado, 20 de janeiro de 2018

Os sonhos valem mais

Verdade seja dita, eu nunca pude me orgulhar de ter um emocional forte e inabalável, sempre me faltam palavras pra descrever esse turbilhão de coisas que se explodem em mim por meio dessas lágrimas que agora caem e dos sorrisos meio bobos no meio da multidão. É muita vontade pra pouca força, eu diria, enquanto eu tento relembrar daquela sessão de terapia em que aprendi "não seja forte, e sim resiliente" Eis que agora me dou o direito de chorar e de sofrer por não entender o mundo, já já me reconstruo e me fortaleço pronta pra mudá-lo (nem que pra isso seja preciso evoluir primeiro) “Conta até 10 – tudo cabe em dez segundos, acalme essa ansiedade” eu penso enquanto lembro da personagem que me ajudou a curar a vida. “Você deve seguir independente de qualquer coisa”. O meu problema é o peso, eu sempre senti e ainda sinto demais o peso do fardo que eu não devo carregar. É natural que às vezes a gente se canse um pouco de tentar curar o mundo sozinha. É muita responsabilidade, 0 de tempo pra vacilo, respirar talvez, culpa, dormir um pouco mais, acordar mais tarde do que devia, culpa, não estudar as quatro horas por dia, culpa esqueci que era hoje o compromisso. Como pesa (e muito) ser imperfeito – não aprendemos sobre isso no sistema da meritocracia. 

Nos mecanizam todo dia em busca da perfeição. 

Ser sempre bom, aprender logaritmo, orgânica, aritmética e também filosofia. Não há margens pra erros e mesmo que você não queira, aos dezessete anos seu único objetivo deve ser entrar na universidade, pública de preferência que é pra fazer um bom currículo, melhor se for de engenharia, medicina ou direito. Você quer ter dinheiro, não é mesmo? E se não for você já não se enquadra, já pertence ao mundo errado. Ser feliz é pouco no sistema capitalista, é preciso mais. Tá na hora de se tornar alguém na vida, chega desse disse me disse, cresce e aparece, o mundo não é brincadeira não. Pouco importa o outro, e daí se tem morador de rua, e se a criança da escola ainda não aprendeu a ler e você quer ajudá-la, “estude pra isso”, o mundo é individualista e se você não for ta ficando pra trás, e como dói ter que ouvir.

Quem foi que disse que pra ser bom é preciso andar pra frente?! Ser de ego não me convence. 



Que medo eu tenho de ir embora e de alçar novos voos, mesmo o meu maior lema sendo liberdade. Parece que eu construí tão pouco e ainda tenho tanto pra fazer, mas nem sei por onde (já que o livro didático e a prova de fim de ano me esperam junto com a pobreza, a vulnerabilidade e carência de alguns). Que medo eu tenho de não ter coragem o suficiente e de me enforcar na ganância do ser humano em qualquer esquina dessas. Que medo eu tenho de não ser suficiente para o mundo e pra mim mesma, de não corresponder as expectativas que colocam em cima de quem tem a “obrigação de fazer algo que questiona”. Que medo eu tenho de deixar de ser, de estar sendo corroída a cada instante pelo tempo que passa desesperadamente e veloz. 

Vá com calma, ainda falta tanto - ou não.

De dez em dez segundos, uma vida, e aonde estou deixando a minha nessa correria toda?! Relaxa, respira, inspira, foca e esquece o mundo lá fora. Os problemas do mundo não são culpa sua. Você tem que aprender a lidar melhor com eles. Talvez seja melhor dar um tempo, deixar o mundo correr sozinho sem correr atrás pra abraçá-lo. É hora de ser alguém na vida. Pena que pra se tornar alguém é preciso deixar de ser seu "eu" por alguns anos, meses, dias. Triste sociedade que oprime.  Esquece quem você é ou já foi, foco no que irá se tornar - mas lembre que você só será alguém se passar no vestibular, eles insistem em dizer.  Será?! E aquela menina que sonhava ( e ainda sonha) não era eu? Somos tudo que construímos pelo caminho e uma prova não pode nos diminuir. Somos nosso próprio mundo. Ou ame ou odeie. O que a gente se torna é consequência de hoje. Sociedade, vê se larga de oprimir sonhos! 

Eles valem bem mais que uma nota. 

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